Não é segredo para ninguém que as tecnologias estão reconfigurando o mercado de trabalho. Ao mesmo tempo que geram novos empregos para pessoas que entendam do mundo digital e sejam aptas a interagir com essas novas ferramentas, despertam receio em profissionais mais tradicionais, que podem se sentir ameaçados e temer uma eventual substituição.

Isso é um receio legítimo. Se pegarmos como exemplo a agricultura, a construção de maquinário inteligente retirou inúmeras pessoas da colheita e resumiu em apenas um piloto (ou uma enxuta equipe de engenheiros). Muitas pessoas que atuavam em tarefas braçais foram substituídas por esses equipamentos modernos.

No entanto, as máquinas possuem limitações importantes, que dificilmente (e possivelmente nunca) serão resolvidas. Todo tipo de tarefa que exige o raciocínio humano, a tomada de decisão e a empatia não será substituída por tecnologia. No máximo, ela pode ajudar as pessoas nos processos (deixando-as informadas, com conhecimento das alternativas e riscos, entre outros benefícios), mas nunca fará a decisão ou a operação em si.

Uma profissão que se enquadra nesses modelos é o corretor imobiliário. Os três argumentos apresentados acima se encontram no dia a dia desse profissional: exige o raciocínio humano, que não pensa apenas na lógica e no racional, mas também avalia uma série de fatores emocionais; exige tomada de decisão, para saber qual imóvel seria o ideal para a família em questão; e exige empatia, para se colocar no lugar do outro e, além de conseguir o melhor imóvel, fechar uma negociação boa para os dois lados.

A necessidade de empatia do corretor começa no primeiro “boa tarde!” que ele dá ao seu cliente, quando esse o procura em busca de um imóvel. Isso porque nem sempre o cliente sabe exatamente o que deseja, e é tarefa de quem vende imóveis ajudá-lo a tangibilizar essa necessidade. E quem melhor para fazer isso do que uma pessoa?

Mais para frente, quando ocorre a visita ao imóvel, a presença do corretor é importante para entender o que passa na mente do cliente. São os pequenos sinais: algum gesto, uma expressão facial e até mesmo uma intencionalidade na fala. Nossa tecnologia ainda não é capaz de interpretar esses sentimentos. E eles podem ser decisivos para entender se o comprador em potencial gostou ou não do imóvel.

Quando ele, enfim, se interessar por um imóvel, é necessário mais uma vez exercer a empatia na hora da negociação. Cada pessoa gosta de negociar de uma forma: há quem quer se livrar logo da dívida (e até mesmo da discussão), há quem adora barganhar (e ter a sensação de que fez um bom negócio), há quem é indeciso e precisa de tempo (e ajuda) para decidir, entre vários outros perfis. O corretor precisa entender seu cliente para se portar da melhor forma, e conseguir direcionar a negociação para o melhor caminho.

Além disso, comprar uma casa é um investimento muito grande para a maioria das pessoas. Elas só se sentirão seguras a fazer isso caso o outro lado da operação passe credibilidade. Um sistema digital ou uma máquina é capaz de fazer isso, mas as pessoas ainda preferem ter alguém em quem possam confiar (principalmente caso elas sejam mais distantes da tecnologia).

E, ao final do processo, caso o corretor em questão tenha cumprido seu papel de forma empática, é muito provável que o cliente o indicará para seus amigos, familiares e colegas de trabalho que precisem de um imóvel. Só é possível criar uma rede de contatos tão fiel se as pessoas se sentirem únicas, ouvidas e acolhidas. 

Ou seja, a tecnologia é uma grande aliada do corretor de imóveis, por permitir vários benefícios como a realização de uma simulação de crédito online, a sistematização dos clientes, o arquivamento dos documentos, a digitalização dos processos e outros. No entanto, não deve atuar como um substituto: a profissão do corretor de imóveis é fundamental para o mercado imobiliário.

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